Curadoria: Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente
Estado bruto é uma exposição de esculturas que compõem os acervos do MAM Rio. Produzidas por artistas de diferentes épocas, geografias e linguagens, as obras são apresentadas nos espaços internos e externos do museu, partindo da dimensão do acúmulo e da multitude. Nossa intenção é mostrar a amplitude e diversidade dos acervos de arte do MAM Rio, mas também suscitar reflexões sobre os processos de construção de patrimônio, de conservação e de compartilhamento de acervos.
A exposição conta com 125 obras agrupadas em divisões sutis por núcleos, com o intuito de oferecer uma visão de conjunto e assim comunicar o volume gerado pelos processos de acumulação patrimonial. A partir dessa percepção, propomos refletir sobre os efeitos que esses processos têm na escrita das histórias sobre arte e cultura. A presença de peças raramente exibidas oferece também a possibilidade de pensar sobre os modos de compartilhamento – e às vezes de esquecimento – desse patrimônio.
Nos espaços, as obras se apresentam acompanhadas por números que as identificam como parte dos acervos do MAM Rio, e com informações que nos contam o momento de inclusão nos acervos e o número de aparições públicas durante as últimas duas décadas – dados que fazem parte dos sistemas de conhecimento que dão origem à escrita da história do museu e, por extensão, das muitas histórias da arte. Histórias que são sempre parciais, e que portanto estão em contínuo processo de reescritura.
Apresentada nos espaços do MAM Rio, a multidão de esculturas aponta à tridimensionalidade, à fisicalidade, e às relações que corpos e objetos estabelecem uns com os outros. Em um momento em que os nossos corpos precisam se afastar de outros corpos, Estado bruto propõe um encontro entre presenças diversas, dentro e fora do museu, que esperamos possa nos ajudar a sentir e pensar em outros modos possíveis de acolher, de preservar e de estar juntos.