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(IN)TENSÕES
Antonio Bokel
É com grande prazer que o OASIS apresenta a exposição (IN)TENSÕES, de Antonio Bokel,
resultado de dois meses de residência do artista no quarto andar do nosso edifício.
Nascido no Rio de Janeiro em 1978, Bokel desde há muito vem trabalhando com a visualidade
no sentido amplo, tendo passado por cursos no Parque Lage em 2006, e aponta, com ênfase,
à Carlos Zílio como uma importante influência e inspiração inicial.
Estimulado com a possibilidade de produzir trabalhos de grande escala e também influenciado
pelo Saara (região dinâmica da cidade, onde o comércio de rua e o trabalho informal mostram
toda a sua ginga) Bokel concentrou-se durante a residência em explorar relações de tensão,
peso e aperto através do uso da lona de feira como principal material.
O tridimensional e a cor operam juntas nestas obras, já partindo sem demais complicações do moto
minimalista: “nem pintura, nem escultura”. Outro material decisivo é o extensor elástico, que pode
resolver diversos problemas práticos e não à toa é utilizado por camelôs, catadores, surfistas,
moradores de rua, entre outros. Em certas proposições, Bokel assume o tradicional chassis de
pintura como um corpo e emprega a elasticidade do extensor como veículo discretamente
eroticizante (não quer debochar do modernismo às claras, está mais para um devedor no sentido
menos desagradável da palavra). O erótico, com efeito, permeia vários dos trabalhos: o preto
inevitavelmente lembra couro ou látex; o sargento apertando a peça vermelha, sadomasoquismo;
o centro compositivo da prima azul, o ânus. À propósito do termo “modernismo” e toda a
lassidão a ele acarretada, é perceptível a relação dos trabalhos com a paisagem e arquitetura
modernas do Rio de Janeiro. Os toldos e listras de guarda-sóis, uma vez dentro do espaço
expositivo e ressignificados, não param de evocar o fora.
Ao aceitar o desafio de evocar sem lançar mão da representação e do anedótico, Bokel
dá continuidade às investigações da Arte Povera, propondo, com humor e sadismo levíssimos,
uma exposição em que chegamos, ou ainda um pouco cedo, e portanto interrompendo, ou
justamente depois do ato, logo atrasados. Os trabalhos acabam por ser zonas fora do linear:
cenas eróticas, pré ou pós-consumação.
Lucas Rehnman
Exposição Contradições Geométricas
Curadoria Isabel Sanson Portella.
Até o dia 06/05/2022
Exhibition Geometric Contradictions
Curated by Isabel Sanson Portella.
Until 06/05/2022
CONTRADIÇÕES GEOMÉTRICAS
● A obra é, ao mesmo tempo,
processo de formação e processo de significado.
Daniel Buren
Antonio Bokel encontrou, nas paisagens urbanas, a geometria além dos grafismos, dos
muros e elementos arquitetônicos. Iniciou a partir daí um diálogo bastante produtivo
que resultou em desconstruções e ampliação de sentidos, em pontos e contrapontos ao
orgânico. Se o geométrico é preciso, regular e previsível por que não procurar a
harmonia nas formas assimétricas?
A cor, a linha e os suportes usados em suas obras expressam, por vezes, a rebeldia ao
óbvio. Apresentam possibilidades reflexivas diversas, oferecendo ao expectador a
experiência das contradições. É estar no mundo com menos rigidez, permitindo que as
linhas se enrolem por caminhos inesperados, concedendo-lhes o direito de não seguirem
num sentido único, mas mudando de direção apenas porque vale mais a pena. O olhar
habituado se surpreenderá com as rupturas, os contrastes e os avessos, mas a intuição
entenderá o percurso.
As cores usadas por Bokel são certamente outra conversa. Outro diálogo entre o artista e
a paisagem de uma cidade cheia de luz e mar. O azul forte, o preto e o branco – em
placas de cor – e a geometria fazem parte da poética desse artista que procura o
aperfeiçoamento de sua pesquisa, desconstruindo diversas formas. O planejamento das
esculturas, resultante do contato com a geometria, confere dimensões outras que
enriquecem a obra de modo contundente.
Quanto mais se afasta do previsível mais instigante se torna a obra de Bokel, que aponta
efetivamente para todas as direções possíveis oriundas de suas observações. Nada
escapa ao seu olhar atento, urbano e seduzido pela idealidade racional da geometria.
Trata-se de dar visibilidade ao conjunto: forma e cor traduzindo a liberdade alcançada
pela experiência e intuição.
ISABEL PORTELLA
GEOMETRIC CONTRADICTIONS
The work is, at the same time, a process of formation and a
process of meaning.
Daniel Buren
Antonio Bokel found, in urban landscapes, geometry beyond graphics, walls and
architectural elements. From there, a very productive dialogue began that resulted in
deconstructions and expansion of meanings, in points and counterpoints to the organic
element. If the geometric is precise, regular and predictable, why not seek harmony in
asymmetrical forms?
The color, the line and the supports used in his works sometimes express a rebellion
against the obvious. They present diverse reflective possibilities, offering the spectator
the experience of contradictions. It's being in the world with less rigidity, allowing the
lines to wind up in unexpected ways, granting them the right not to go in one direction,
but changing direction just because it's more worthwhile. The accustomed look will be
surprised by the ruptures, the contrasts and the opposites, but the intuition will
understand the route.
The colors used by Bokel are certainly another conversation. Another dialogue between
the artist and the landscape of a city full of light and sea. Strong blue, black and white –
in color plates – and geometry are part of the poetics of this artist who seeks to improve
his research, deconstructing various forms. The planning of the sculptures, resulting
from the contact with geometry, gives other dimensions that enrich the work in a
striking way.
The further one departs from the predictable, the more provocative Bokel's work
becomes, which effectively points in all possible directions arising from his
observations. Nothing escapes his attentive, urban gaze, seduced by the rational ideality
of geometry. It is about giving visibility to the whole: shape and color translating the
freedom achieved through experience and intuition.
ISABEL PORTELLA
Antonio Bokel
“Lines like waves”
Curated by Domenico de Chirico
noaddress Gallery,ReggioEmilia,Italy
«Quinci spunta per l’aria un vessillo; Quindi un altro s’avanza spiegato: Ecco appare un drappello schierato; Ecco un altro che incontro gli vien.» Alessandro Manzoni (1785-1873) – Il Conte di Carmagnola (1828), Atto secondo, Scena sesta
Il poliedrico e ingegnoso Antônio Bokel, artista brasiliano nato a Rio de Janeiro nel 1978, la cui ricerca artistica, per l’appunto, affronta temi diversi in maniera variegata prendendo spunto da correnti storiche informali, dalla Pop art e, talvolta, da correnti costruttiviste razionali, per poi accarezzare i fraseggi della cosiddetta poesia concreta, si muove agile tra pittura, scultura, installazione, letteratura e asseconda un’estetica specifica legata agli interventi grafici urbani. Gestualità e sperimentazione cromatica, da considerare inconfutabilmente come elementi fondanti della sua ricerca, si intersecano con le simbologie culturali e le iconografie popolari, dando conseguentemente sfogo al desiderio di una rappresentazione estetica del caos, in bilico tra spontaneità e osservanza. Nelle opere di Bokel, prive di pretese logocentriche, in bilico tra linguaggio visivo e leggi di natura, si possono osservare effetti di dinamismo molto forti forgiati dall’irregolarità di un gradevole disordine di forme e di colori apparentemente irrazionali ma che in verità contengono curiose sensazioni suscitate, tra gli altri, dall’immaginario urbano e sociale, dalle riviste, dalle immagini pubblicitarie e dai manifesti commerciali deteriorati dal tempo. Bilanciando, attraverso il movimento, colori, forme e volumi, elementi che danno vita a vere e proprie equazioni visive intuitive, Bokel mette in risalto le asimmetrie del mondo e tutte le tensioni e i misteri ad esso correlati trasformando tutto ciò in meri eventi estetici con l’intento di penetrare nella materia ancor prima del linguaggio. Ed è secondo tali precetti che nasce l’analemma, con le sue tavole movimentate, di “Lines like waves”: Bokel ha iniziato a usare le bandiere nel suo lavoro come liberazione dal telaio e dalla pittura tradizionale. Proprio come i “cut-outs” di Henri Matisse, queste bandiere sono costituite da ritagli di tessuto, trattandosi di un “dipingere con le forbici”: un processo che ricerca la semplicità, forme quasi infantili di ritagli sovrapposti per scolpire il colore sui tessuti. Peraltro, da un punto di vista storiografico l’utilizzo della bandiera è sempre stato legato al concetto di divisione, essa, difatti, identifica territori, divide popoli, delimita nazioni, identifica tendenze politiche e credi religiosi. Le bandiere di Bokel cercano, al contrario, di abbattere i muri per porre fine a tutti questi confini, elevando il loro simbolismo all’esaltazione del lavoro artistico, alla trascendenza dello spirito, alla ricerca di ciò che ci unisce. Così, cercando la leggerezza, Bokel ha iniziato a creare bandiere che danzano con il vento e riposano in sua assenza, innalzando l’umanità e la sua capacità di creare ad aspetti di coesione e così facendo frantumando e quindi sublimando la stridente definizione dei confini a un fluido e leggero ondeggiare che ci connette agli aspetti più alti e misteriosi dell’esistenza. È attraverso l’arte e la poesia che egli innalza questa bandiera che fluttuante al vento, si agita larga.
Domenico de Chirico Milano, 2 Novembre 2021
Lines Like Waves
Exposição Jogos Atávicos
Amilcar de Castro, Antonio Bokel, Ricardo Homen
AM galeria – São Paulo
Curadoria Ana Carolina Ralston.
até o dia 12 de dezembro, visitas agendadas.
viewing room – https://amgaleria.com.br/jogos-atavicos/